O autor inicia o texto com uma provocação, dizendo que em geral, não se pode dizer muita coisa na televisão, especialmente sobre a televisão. Isso por que na tv o tempo quase sempre é limitado, o discurso é imposto e não há domínio sobre os instrumentos de produção. Logo, percebe-se que ao aceitar essas condições, não nos importamos realmente em dizer algo, mas em ver e sermos vistos. Tornando a televisão uma espécie de espelho de Narciso.
Bourdieu também lida com a censura invisível. Primeiramente exercida pelo poder político, através de nomeações e intervenções em postos dirigentes e também pela ameaça constante da enorme reserva de trabalho, que gera um conformismo. A pressão econômica também é evidenciada por Pierre, por parte dos proprietários das emissoras mas também por seus anunciantes, fato que ajuda na manutenção da ordem simbólica.
No entanto, vale registrar que o autor isenta grande parte da culpa dos jornalistas, pois sabe que eles são tão manipulados quanto manipuladores. E estes, por sua vez, tanto melhor manipulam quanto mais inconscientes são de estarem sendo manipulados.
Outra forma de censura citada pelo autor são os fait-divers, as variedades. Ou seja, enquanto atrai-se a atenção para fatos que possam interessar e distrair o público, ocupa-se o espaço que poderia estar sendo usado para o cidadão exercer seus direitos democráticos.
A tv, tem portanto o poder de ocultar mostrando. Pois cada jornalista seleciona o que lhe chama mais atenção daquela realidade vivenciada. No entanto, cada pessoa tem uma estória, uma cultura, uma experiência pessoal própria, o que gera maneiras diferentes de ver o mundo. É o que Pierre chama de “óculos”. Por fim Bourdieu debate o sensacionalismo, espetacularização que virou quase lei em todos os telejornais. Mostrando que a busca pelo diferente acaba levando a um mesmo resultado e que no final todos apresentam o mesmo produto “original”, caindo na banalização.
Postado por Blog News às 09:27
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